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Valdevan Noventa: ‘Se não calar a boca, vou metralhar sua casa e mandar te matar’
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2 anos atrásem
Segundo polícia, diretoria do SindMotoristas e o deputado cassado pressionavam trabalhadores e empresas de ônibus, obrigando-as empresas a contratar prestadores de serviço que repassariam propina para a diretoria.
Testemunha relata ter sido ameaçada por Valdevan Noventa: ‘Se não calar a boca, vou metralhar sua casa e mandar te matar’
Uma testemunha relatou em depoimento à polícia que foi ameaçada pelo deputado federal cassado Valdevan Noventa (PL). “É melhor você calar a boca. Se não calar a boca, vou metralhar sua casa e mandar te matar”, teria dito.
Valdevan está entre os alvos da operação contra diretores do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas) suspeitos de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, direitos ou valores e organização criminosa.
Nesta sexta-feira (12) a Polícia Civil fez uma operação de busca e apreensão em nove endereços em São Paulo e em Sergipe. Cinco dos endereços visitados têm ligação com Valdevan.
Segundo a investigação, o grupo é suspeito de movimentar R$ 20 milhões por ano de recursos indevidos recebidos como propina. O dinheiro seria desviado de subsídios pagos pela Prefeitura de São Paulo a empresas de ônibus. Também são apurados crimes como ameaça, extorsão e apropriação indébita. Pelo menos 17 pessoas estariam envolvidas no esquema criminoso.
Ainda segundo a polícia, a diretoria do SindMotoristas pressionava trabalhadores e empresas de ônibus, obrigando as empresas a contratar prestadores de serviço que repassariam propina para a diretoria do sindicato. Os trabalhadores eram obrigados a se manter sindicalizados.
Vandevan também é suspeito de enriquecimento político, segundo a investigação, cerca de R$ 29 milhões do patrimônio dele vêm de extorsão de trabalhadores e empresas durante a atuação dele no sindicato.
O SP2 teve acesso a documentos que fazem parte da investigação. Em um dos relatórios, consta a informação de que Valdevan “coleciona antecedentes criminais”, entre eles, “roubo e estupro” e “homicídio do sindicalista Severino Teotônio do Nascimento”, que atuava no Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo.
Ainda segundo esses documentos, em 2013, durante a eleição para presidente do sindicato, Valdevan e os demais integrantes de chapa eleitoral agrediram adversários políticos com arma de fogo.
Apesar de estar licenciado, Valdevan Noventa tinha participação ativa no sindicato. Ele chegou a participar das negociações das últimas greves da categoria com o poder público. No dia 14 de junho, o deputado cassado chegou a assinar um acordo para suspender o movimento junto com o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, em conjunto com Valmir Santana da Paz, atual presidente do sindicato.
A Justiça determinou o cumprimento de ao menos dez mandados de busca e apreensão em endereços de dirigentes do SindMotoristas na capital paulista, Grande São Paulo, Baixada Santista e Arauá, em Sergipe. A ação, batizada de Operação Chapelier, é realizada pela 1ª Delegacia Seccional Centro. Não ocorreram prisões.
Mais de 50 policiais e 20 viaturas participam da operação em São Paulo e Taboão da Serra. Policiais de Sergipe também foram a Arauá, onde Valdevan é apontando como dono de um haras com 50 cavalos (só um dos animais está avaliado em R$ 2 milhões). Foram apreendidos celulares, relógios, documentos e dinheiro.
“Temos provas nos autos que é uma organização criminal armada, em que eles se utilizam ameaças, essa diretoria do SindMotoristas estaria ligada a uma facção criminosa, isso acaba constrangendo empresas e testemunhas que queiram se contrapor a esse esquema criminoso”, afirma Roberto Monteiro, delegado do caso. Ainda segundo o delegado, Valdevan também obrigava associados do sindicato a contratar planos de saúde de empresas, que depois eram repassados como propina para ele e outros dirigentes.
Haras em Arauá, em Sergipe, onde polícia realiza operação em endereço ligado a diretores do Sindicato dos Motoristas de São Paulo suspeitos de lavagem de dinheiro e outros crimes — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Valdevan Noventa
Valdevan Noventa é presidente licenciado do SindMotoristas em São Paulo. O mandato dele como parlamentar foi cassado pela Justiça Eleitoral de Sergipe em maio de 2020. Ele foi condenado pelo recebimento e por arrecadar recursos ilícitos e de origem não identificada. Em março de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve a decisão, por unanimidade.
Valdevan é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em em junho deste ano, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou a cassação do deputado bolsonarista porque entendeu que o Tribunal Superior Eleitoral inovou em relação ao entendimento das regras vigentes para cassar um político.
Mas, no mesmo mês, a Segunda Turma do STF decidiu por maioria derrubar a decisão individual do ministro Nunes Marques e manteve a perda do cargo de Valdevan.
Procurado pelo g1 para comentar o assunto, Valdevan disse que está sendo perseguido pelo poder público por ter realizado greves recentes de motoristas de ônibus na capital paulista e que a polícia não encontrou nada de ilegal nas buscas feitas nas suas residências.
“Não passa de uma grande perseguição montada pelo poder público da cidade de São Paulo”, disse Valdevan. “Invade minha casa pela segunda vez e não encontrou nada. Se achou canetas. Canetas que uso… valor supérfluo”.
Sindmotoristas
Por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa, o Sindmotoristas informou que o sindicato se coloca à disposição das autoridades para colaborar com a investigação da Polícia Civil.
“A assessoria de imprensa do Sindmotoristas esclarece que a entidade respeita e se coloca à disposição das autoridades para quaisquer atos que se fizerem necessários ao inquérito policial. Informa ainda, que sua diretoria foi surpreendida com a notícia da operação e que seu departamento jurídico está acompanhando o caso.
De modo preliminar, a entidade esclarece que tratam-se de apontamentos de eventuais indícios de um inquérito AINDA EM CURSO, o qual nem mesmo os investigados e seus advogados tiveram acesso. Portanto, tais respostas serão oportunamente apresentadas aos autos e aos veículos de comunicação.
Por fim, é importante destacar que o Sindmotoristas é um dos sindicatos mais atuantes e comprometidos com a classe trabalhadora do país. E no que tange a transparência, a entidade tem todas as suas contas aprovadas em assembleias e de modo unânime por toda a categoria, eventos que contam com ampla divulgação e cobertura da imprensa”, informa nota enviada pela comunicação do sindicato.
Por TV Globo e g1 SP — São Paulo
ENTENDA O CASO: Valdevan Noventa é alvo de operação contra lavagem de dinheiro em São Paulo e Sergipe
Ação cumpre 10 mandados de busca e apreensão em endereços de dirigentes do SindMotoristas. O deputado cassado é presidente licenciado da categoria.
Nesta sexta-feira (12), a Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação contra diretores do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas). Um dos alvos é o presidente licenciado da categoria e ex-deputado federal Valdevan Noventa, que teve o mandato cassado por abuso de poder econômico nas eleições de 2018.
A organização criminosa é investigada pelos crimes de ameaça, extorsão, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, ocultação de bens e capitais na representação sindical dos motoristas e cobradores do transporte coletivo rodoviário da cidade.
As vítimas seriam trabalhadores sindicalizados e, indiretamente, da própria sociedade paulistana, já que transporte de passageiros em ônibus na capital paulista é subsidiado pelo poder público municipal.
Ao todo, estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo e Taboão da Serra, assim como em um haras com cavalos no município de Arauá, em Sergipe.
Mais de 50 policiais e 20 viaturas participam da operação realizada pela 1ª Delegacia Seccional Centro, que foi denominada Chapelier.
Valdevan Noventa
O deputado federal cassado Valdevan Noventa (PL) é presidente licenciado do SindiMotoristas em São Paulo. O mandado do parlamentar foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE) em maio de 2020, sendo condenado pelo recebimento e gasto ilícito de recursos para a campanha eleitoral, mediante depósitos considerados ilícitos de origem não identificadas.
Segundo as investigações, as doações de pessoas físicas e de fontes vedada totalizaram a quantia de R$86 mil, que não foram declarados oficialmente, comprometendo a igualdade entre os candidatos.
Em março de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve a decisão por unanimidade. O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a anular a cassação dele, alegando que a defesa teria sido impedida de apresentar recurso contra a decisão do TSE.
Por sua vez, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por maioria derrubar a decisão individual do ministro Nunes Marques e manteve a cassação. Assim, foi derrubada a decisão liminar do ministro Nunes Marques que havia devolvido o mandato ao deputado. Márcio Macêdo (PT-SE) deve retornar ao cargo.
A Redação do Portal A8SE entrou em contato com a assessoria de Valdevan Noventa, que irá emitir uma nota de esclarecimento. “A Polícia Civil de São Paulo realizou uma busca e apreensão, mas não encontrou nada que comprove fraude ou algum crime”, disse.
Por Carolina de Morais, Portal A8SE
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