Menos de dois meses após revelar detalhes de sua saída da Rádio Globo, José Carlos Araújo trouxe novos bastidores dos últimos momentos que viveu na emissora, há 11 anos. Garotinho ficou por 42 anos no Sistema Globo de Rádio (SGR), divididas em duas passagens: 1964-1977 / 1984-2012.
Primeiramente, em entrevista ao Charla Podcast, dos jornalistas Beto Júnior e Bruno Cantarelli, o narrador contou que deixou a emissora para, segundo ele, “aventurar-se” em um novo desafio. Na ocasião, Garotinho trocou a Globo pela Rádio Bradesco Esportes, extinta rádio do Grupo Bandeirantes, onde ficou apenas por 2 anos.
“Pedi demissão. É raro! Eu fiquei na primeira vez quatorze anos e, na segunda, vinte e oito. Quando eu me senti desafiado por um novo projeto, como agora com o podcast (Cheguei Pocast), eu pedi demissão. Até porque eu vi que a Rádio Globo estava descendo a ladeira. Porque não estava sendo dirigida, comandada, por quem gostasse de rádio. Por quem entendesse de rádio, por quem desejasse o crescimento do veículo rádio. Eu disse: ‘eu vou embora’ e pedi demissão. Fui aventurar”, iniciou.
Em abril, Garotinho contou como foram seus últimos momentos do SGR. Desta vez, ele revelou algumas movimentações internas ocorridas na ocasião em que decidiu sair da Globo. Na visão do narrador, o Grupo Globo “não se interessa por rádio”:
“Eu estava prevendo. Eu saí quando o avião estava caindo. E quando ele caiu, caiu de vez. Por incompetência, simplesmente, isso. Os acionistas, se tivessem interesse pelo veículo, eu digo isso, porque o Grupo Globo não se interessa por rádio, capítulo primeiro. Se, se interessassem, procurariam no mercado quem é o cara do rádio”, acrescenta.
GAROTINHO FALA SOBRE BASTIDORES
Na visão de Garotinho, as Organizações Globo erra ao tratar a rádio em paralelo com produtos ligados ao jornal. O curioso é que, após mais uma década de sua saída, o esquema de comando de comando das rádios Globo/CBN segue rigorosamente igual, já que o SGR, inclusive, deixou seu histórico endereço, na rua do Russel, na Glória, para embarcar no prédio do Infoglobo, no Centro do Rio.
“A Rádio Globo pegou gente de jornal, com bastante experiência de jornalismo de texto, nem de radiojornalismo… O cara que trabalha dm rádio, ele é jornalista, é. Mas tem que ter uma veia artística. Se não, não é qualquer um que pode ir para o microfone. Então, você vinha estagiário lá que ninguém ensinava a usar o microfone… Ninguém ensinava nada e a voz é importante. Não se fazia teste. Então fazia um estágio único, jornal, Rádio CBN e Rádio Globo, e a avaliação era feito por um profissional de jornal. Normalmente, o cara com muito talento de rádio era vetado por ela. Ou seja, dançava, não tinha chance de estagiar. E quem vinha para rádio? Quem tinha vocação para jornal e não tinha a veia artística que o rádio exige. Resumindo foi isso que fez a Rádio Globo se afundar”, opinou Garotinho, no podcast.