Com o início das campanhas e debates políticos, um assunto voltou a ser discutido na mídia: os índices de fome no Brasil. De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, o país registrou cerca de 33,1 milhões de pessoas que não têm o que comer.
Entre as regiões que mais se destacaram, estão o Norte e o Nordeste, que chegam a marcas de 45,2% e 38,4%, respectivamente. Na Bahia o número de pessoas em situação de extrema pobreza, com uma renda mensal de apenas R$ 105 por morador, impressiona, com mais de 5,8 milhões de indivíduos cadastrados em 2022, segundo dados do CadÚnico.
Na capital baiana, o aumento da fome se agravou ao longo da pandemia, como apontado pela Coordenadoria de Segurança Alimentar (Cosan). Conforme estudo realizado pelo projeto QUALISalvador, 40,9% de famílias, vivenciam algum nível de insegurança alimentar, variando de leve a grave.
Coordenadora de um projeto social que doa kits de alimentos para pessoas em situação de rua, em Salvador, o “Sandubem”, Liliana Borges conta como surgiu a ideia de realizar a ação na cidade. “O projeto começou na pandemia, com pequenas quantidades de marmitas, que eu e meu esposo começamos a buscar doações com vizinhos, no prédio onde a gente mora. Começamos a colocar nos grupos do whatsapp e ganhamos alimentos”, disse.
“Fizemos uma média de 30 a 50 marmitas e saímos uma vez por mês entregando para os moradores de rua, que aumentaram demais na pandemia. A gente parava debaixo dos viadutos, onde começamos a ver muita gente sem alimentação”, completou.
Inspirada no projeto de um amigo de São Paulo, a esteticista ainda revelou que hoje em dia distribui cerca de 150 a 200 kits de sanduíches, conseguindo alimentar muito mais pessoas. “Nesse kit nós colocamos dois sanduíches de pão com mortadela, uma caixinha de suco, uma garrafa de água e um pacote de biscoito, que dá praticamente duas refeições, sendo mais vantajoso do que a marmita”, afirmou.
Ela também relatou que com a divulgação nas redes sociais, diversas pessoas têm contribuído com valores e doações, possibilitando a realização mensal da ação solidária. “Hoje já está crescendo bastante e muita gente ajuda, através da página no Instagram muita gente doa pelo pix e a gente consegue realizar todo mês esse projeto e tentamos cada vez mais amplia-lo, servindo de exemplo para outras pessoas poderem estar ajudando”, concluiu. (BNews)